segunda-feira, 30 de março de 2009

A palavra sob outra perspectiva...

Tava assistindo a um programa ontem e vi Viviane Mosé recitando esse poema, e me apaixonei...

Receita pra lavar palavra suja

Mergulhar a palavra suja em água sanitária.
Depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.
Algumas palavras quando alvejadas ao sol adquirem consistência de certeza.
Por exemplo a palavra vida.
Existem outras, e a palavra amor é uma delas, que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente.
São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.
Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada.
Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão.
Agora nunca vi palavra tão suja como perda.
Perda e morte na medida em que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura, que é capaz de esvaziar o vigor da língua.
O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente
sabão em pó e máquina de lavar.
O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras.
Culpa, por exemplo,
a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.
Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade.
Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.
Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras sob o risco de perderem o sentido.
A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva, produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.
Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa.
Conviva com a palavra durante alguns dias.
Deixe que se misture em seus gestos, que passeie pela expressão dos seus sentidos.
À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo.
Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne, prolifera em toda sua possibilidade.
Se puder suportar essa convivência até não mais perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa.
Uma palavra limpa é uma palavra possível.

http://rubedo.psc.br/Poesias/vivimose.htm

Danço eu, dança você, na dança da Solidão!

Não gosto de solidão, apesar de nunca ter vivido exatamente só!
Mas um tempinho de nada sem ninguém por perto pra conversar é uma eternidade pra mim, me sinto triste, penso em coisas tristes, e não gosto de ser assim...
Sei que todo mundo precisa desses momentos a sós, pra se entender, se conhecer.... vai ver por isso não sei o que quero, o que penso, o que sou, não tenho muita certeza de nada!
Não gosto de me abraçar, gosto de ser abraçada..
gosto do mundo externo, o mundo interno me dá medo,
....sempre tive medo do escuro!!!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Peripécias gastronômicas!!

Quando eu morava com minha mãe ela sempre me ensinou como fazer vários pratos, só que sempre ficou na teoria.. na prática mesmo eu só fazia macarrão, fritava alguma coisinha...
Quando casei avisei logo a meu marido mestre cuca que íamos revesar na cozinha, e que ele não esperasse grande coisa no meu dia.. ele conzinha muito melhor que eu!!
Queimei feijão, comi miojo com ovo várias vezes, farofa (de tudo que se possa imaginar).. levava a manhã toda pra fazer alguma coisa mínima... mas agora resolvi levar a coisa a sério!!
Todos os dias utilizo as ferramentas do mundo contemporâneo... vou no google.. pesquiso uma receita.. e tiro onda de cozinheira!! (Na maioria das vezes não sai tão bom quanto deveria.... mas meu estômago já agradece..!!)

Relacionamentos!

Eu fico viajando nas loucuras do mundo moderno, bagunçado e corrido em que vivemos. Outro dia, num sábado ou domingo, passei por um cara que tive a impressão que conhecia, fiquei olhando, sem saber se falava, ele me olhando (a cara dele mostrando a mesma dúvida minha... SERÁ QUE EU CONHEÇO??), resolvi não falar!!
Na segunda-feira, volto a minha velha rotina matinal, pego meu ônibus pra Simões Filho, e vejo o cara! Era meu colega de ônibus de todos os dias, nos vemos diariamente e nunca nos falamos..
Sei um pouquinho da vida de cada um daquele ônibus (os dorminhocos, os brincalhões, os brigões..) e é uma maneira estranha de convivência que não consigo me adaptar, passo 1 hora por dia com aquelas pessoas e todos fingem indiferença a todos, ali é meu 4° lar, eles são quase da família... e cada um só dá atenção a sua janela!!

Clarice novamente..

Hoje li um conto de Clarice Lispector e, (como sempre acontece quando leio os escritos dessa mulher incrível) fiquei viajando em coisas, mais especificamente, coisas da infância.
O conto falava de uma menina que adorava livros mas não tinha dinheiro para comprá-los, enquanto sua coleguinha rica e egoísta era filha do dono de uma livraria, mas não emprestava a ninguém seus livros que nunca lia.
Fiquei tentando entender de onde veio meu amor pela leitura, (e onde está escondido no momento), me vi naquela menina empolgada e emocionada (era emoção mesmo...) com a possibilidade de ler "Reinações de Narizinho", sugando cada detalhe do Reino das Águas Claras, me imaginando Narizinho...

À propósito: O conto é "Felicidade Clandestina"

Minha amiga Clarice

Quando conheci Clarice eu tinha 14 anos, achei ela muito estranha..
A professora de português indicou para a turma um livro de contos dela, cada equipe teria que escolher um conto e apresentar algo criativo em cima da história.
A maioria das equipes apresentou peça teatral, e todas foram super-mal-sucedidas!! Relembrando agora vejo como foi bizarro... ninguém entendia o que as histórias diziam nas entrelinhas, só apresentamos o que tava escrito na lata, uma galinha fugindo, uma visita ao zoológico, e outras coisas entediantes, que na verdade queriam dizer tanta coisa...
No fim das apresentações fiquei com a impressão de que essa mulher era louca...

Hoje, aos 21 anos, enlouqueci também........ entendo o que ela diz e viajo no que ela não diz..!!

:D

Motivações..

Tava precisando ir num psicólogo, falar da vida, dos problemas, das paranóias... aí resolvi trocar o divã pelo blog.....